"Me acha, me acha... Se você me quer, agora, então me acha...". Com certeza você já ouviu esse hit, mesmo que 'sem querer', tocando nas rádios, festas e até como toque de telefone celular. A música é de autoria de Francisco de Paula Moura, nome verdadeiro do artista Paulynho Paixão, que de uns tempos para cá tornou-se uma incógnita: um cara 'gente boa' ou um 'mala sem alça'?
Paulynho Paixão não tem nada de 'mala sem alça'. Simpático, divertido e 'apaixonado', como costuma dizer, o cantor, auto-intitulado 'Rei do Coladinho', é sim um 'boa praça', super gente boa e que tem, como qualquer outro ser humano, seus defeitos a ponto de pôr em risco o sucesso que vem alcançando ao longo dos últimos anos. Para entendê-lo, é preciso saber um pouco de sua história. Ele recebeu a reportagem do 180graus e concedeu uma entrevista exclusiva.
Há cerca de dois anos ele estourou de verdade fazendo músicas para bandas como 'Aviões do Forró'. A música do trecho citado acima é uma delas: 'Me acha'. Mas Paulynho vislumbrou algo a mais. estava na hora de fazer sucesso com suas próprias músicas, na sua voz. Apaixonado por música desde a infância, ele decidiu fazer carreira na sua terra natal, no Piauí. Deu certo. Hoje é considerado uma das celebridades piauienses, feito conquistado diferente de outros conterrâneos, que tiveram de ir para o eixo Rio-São Paulo para brilhar nacionalmente.
COMO TUDO COMEÇOU
Menino criado na roça, mais precisamente na Fazenda São Luís, zona rural de São Miguel da Baixa Grande, interior do Piauí – a 138 km da capital Teresina, Francisco de Paula passou a infância escutando programas de música sertaneja em um radinho de pilha. Os populares Alvorada Sertaneja, na Rádio Nacional de Brasília, e Programa do Roque Moreira, na Rádio Pioneira, de Teresina, eram suas companhias mais frequentes durante o trabalho no campo e também nas horas vagas.
“Sem entender nada de música eu já gostava. Como as crianças hoje gostam da nossa música, eu gostava de Zezé di Camargo e Luciano. Ouvia muito sertanejo enquanto tirava leite de vaca. Coisa bem fazenda mesmo”, lembra Paulynho Paixão. Começou a compor ainda criança. Nunca havia estudado música, não sabia tocar qualquer instrumento, não conhecia notas musicais ou cifras. Apenas escrevia versos rimados inspirados no dia a dia. A melodia surgia “naturalmente”. “Era de ouvido, coisa de dom mesmo. Ninguém explica; a gente atribui isso a Deus”, conta o compositor de aproximadamente mil canções, segundo suas próprias contas.
LADO ROMÂNTICO E O 'PAIXÃO' NO NOME
Romântico nato, segundo ele, Paulynho afirma que 90% de suas letras falam de amor. “As meninas tinham diários. Eu fazia músicas contando histórias da vida e acho que por isso as pessoas se identificam. Cada fora e cada sim que eu levei inspirou muito essa coisa do romance, do amor nas minhas músicas”, confessa. Ainda adolescente, Paulynho mudou-se com seus pais para a capital Teresina. A família buscava melhores condições de vida e a oportunidade de os seis filhos continuarem os estudos. “Toda criança que nasce no mato tem aquela vontade de ir para a cidade”. Não demorou muito tempo e Paulynho foi para Fortaleza, no Ceará, já com o plano de viver de música em mente. Foi aí que criou o nome artístico: Paulynho Paixão. Em 1992 o destino uniu mais uma vez as trajetórias de Paulynho e seu ídolo. Em um programa de calouros da TVC, emissora de TV de Fortaleza, o piauiense apresentou-se na presença de José Graião, produtor musical que tinha em seu casting a dupla Zezé di Camargo e Luciano. “Fui para Fortaleza estudar e ajudar na casa de um pessoal que conheci em Teresina. Eles tinham contatos e eu comecei a conviver com músicos. Sempre fui muito tímido, mas eu sabia que era naquele momento ou nunca”, diz, com a propriedade de quem sofreu muito até se dar bem no meio musical.
180 graus
Nenhum comentário:
Postar um comentário