terça-feira, 23 de novembro de 2010

Moradores de Morro do Chapéu do Piauí invadem gabinete da Presidência do Interpi





Moradores do município de Morro do Chapéu do Piauí, na região Norte do Piauí a 129 km da capital, invadiram na manhã desta segunda-feira a Presidência do Instituto de Terras do Piauí (Interpi) em protesto contra o despejo de algumas famílias de assentamento do Instituto pela Prefeitura Municipal.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Morro do Chapéu, Bernardo Siqueira Silva, disse que a ocupação foi feita para que o Interpi recorra da decisão da juíza de Esperantina que determinou o despejo de duas famílias que moram na Vila São Pedro do Assentamento Santa Cruz, de 10 mil hectares, por solicitação da Prefeitura de Morro do Chapéu, alegando estar o terreno destinado à construção de uma escola e uma creche.

“A escola já existe, mas a Prefeitura de Morro do Chapéu nos persegue porque somos do PT e o prefeito é do PMDB”, declarou Bernardo Siqueira.

A dona de casa Adriana Marques dos Santos, de 24 anos, declarou que o despejo de sua família ocorreu em maio quando estava grávida.



“Pelo menos 10 policiais foram nos despejar. Até agora nossos móveis, berço e o que nós temos está ao relento e pegando chuva. Tudo está se estragando. No dia do despejo eu passei mal e fui para o hospital. O delegado ainda chegou e disse que não teria problema eu não ter o bebê porque era nova e poderia ter outro”, afirmou Adriana Marques.


Adriana Marques dos Santos estava ontem na invasão do gabinete da Presidência do Interpi com sua filha Isabelly Marques, de um mês e seis dias.

A coordenadora fundiária do Interpi, Regina de Lourdes, disse que a Creche e o Posto de Saúde foram construídos dentro do assentamento em uma área não registrada pelo Interpi.

Ela afirmou que o Interpi vai enviar um técnico para fazer um relatório sobre o caso e encaminhar a assessoria jurídica do órgão.

O assentamento existe desde o ano de 1997.

O lavrador Domingos Lima Machado, de 25 anos, falou que as famílias desapropriadas são formadas pelas filhas e filhos dos moradores do assentamento, na área urbana onde fica a extensão do empreendimento rural.

“Nós nascemos nessas terras e é natural que depois de casados e com filhos possamos ocupar o resto da área do assentamento, mas a Prefeitura nos despejou juntamente com os policiais”, falou Domingos Lima Machado.

O Instituto de Terras do Piauí visitará o município de Morro de Chapéu e fará uma inspeção sobre o caso. A decisão final será tomada pela juíza da Comarca de Esperantina.


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